Pai, faz mais de um
ano que não nos falamos. E isso que dizer que não nos vemos, e nem fazemos
contatos por telefone ou mensagem de texto. Fico sabendo do senhor através da
boca de outras pessoas, mas são coisas vagas; eu realmente não sei se o senhor
está bem. Desde a proximidade do meu casamento rompemos contato; e até hoje
você não me viu casada e nem veio na minha casa, nem na porta, nem por curiosidade.
Eu sinto sua falta. Embora eu nunca vou admitir isso pra o
senhor, eu sinto muito a sua falta mesmo. Sinto falta das sua brincadeiras, das
suas conversas sem nexos, dos seus sonhos de riqueza, das suas “mentiras”
deslavadas, do seu jeito.
Quando vejo pais com outras meninas nas ruas, lembro do
tanto que a gente saía, dos domingos na feira de carro, dos picolés que o
senhor comprava. Lembro quando me carregava no colo quando eu fazia pirraça, e
quando me zuava falando que eu ia construir um rio de lágrimas de tanto
chorar. Lembro dos seus carinhos comigo
e de como você puxava saco do Diego e como isso me matava de ciúmes.
Lembro da sua fascinação por carros, e também que até hoje
não conheço seu carro novo. Lembro quando você chorou quando me viu depois de
muito tempo longe, mas mesmo assim a gente se comunicava por cartas.
Pai quando foi a última vez que a gente se comportou como
pai e filha? Quando foi a última vez que
almoçamos juntos? Quando foi a última vez que você me deu a benção?
Eu sinto sua falta quando vou dormir, quando acordo e quando
realizo alguma coisa importante. Senti sua falta no me casamento, no natal e na
passagem do ano passado, no meu aniversário e na minha formatura. Sinto sua
falta agora.
Choro às vezes pensando em você, lembrando o quanto que a
gente era ligado, o tanto que éramos amigos, e como a gente se dava bem.
Eu cresci pai e sinto falta de um pai. Tenho medo que a vida nos deixe distante assim
pra sempre, até que chegue o nosso fim, e eu nunca tenha tenha coragem de dizer
o que eu realmente sinto no meu coração.
Eternamente,
Sua Bruna Gabriela tagarela, cara de panela.
PS: :(
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