Algumas pessoas acham que tudo aconteceu em um belo dia ou da noite para o dia. Mas nada na vida da gente acontece em um piscar de olhos.
Tudo começou com o olhar de alguém, e esse alguém não era eu. Diego meu marido (que me conheceu na adolescência), me dizia que eu sempre fui linda.
Pena que as coisas não foram tão fácil pra mim. Nunca gostei de mim de mesma, ou era gorda demais, ou magra demais, cabelos altos, secos, curtos. Defeitos que teoricamente nunca existiram.
Passei uma adolescência conturbada comigo mesma. Era inteligente por não me achar bonita, era falante para obter espaço e era carente para que a pessoas pudessem sentir "pena" de mim. Mal sabia eu que tudo que faltava era aceitação.
Saí da adolescência fui pra faculdade, cresci, virei adulta, casei. Achei que tinha me aceitado, não precisava ser mais o que os outros esperavam que eu fosse.
Me enganei.
A vida é mesmo uma surpresa. E a surpresa maior acontece exatamente quando achamos que temos certeza de quem somos.
Aos 25 anos fui fazer a minha lista de 30 coisas antes do 30.
Coisas legais e interessantes que quero fazer antes de completar 30 anos de idade. Ao fazer essa lista reparei que uma das coisas que queria fazer, era me conhecer. Como assim aos 25 anos eu não me conhecia? Essa era a pura verdade!
Quem era eu por trás do cabelo alisado, de um rosto maquiado, e das unhas feitas?
Orei a Deus e pedi para que ele me mostrasse uma forma de me conhecer, e após esse conhecimento, que eu pudesse me aceitar da maneira que eu sou.
A reposta que obtive foi: "Se aceite do jeito que você é". Uma reposta que foi meio confusa pra mim, no início, até quando vi esse vídeo da Rayza Nicácio.
Entendi, que o corpo, o cabelo, tudo que define é o que você é. Sua essência. Sua forma. Sua personalidade.
Mais oração.
E aí, assim como algumas pessoas pensam, em belo dia eu resolvi lavar os meu cabelos e deixa-los secar naturalmente ao vento. Ficou horrível. Fiquei uma semana torcendo pra não encontrar ninguém na rua, morrendo de vergonha de ir trabalhar.
No fim de semana, inventei várias desculpas para não sair de casa. Não queria desistir de me aceitar, não queria escovar os cabelos, mas, também não me sentia bem.
A luta dentro de mim era forte. A Bruna que eu "inventei" querendo matar a Bruna que eu era e que quero voltar a ser. Chorei, chorei e achei que tudo seria mais difícil que eu pensava.
Cheguei em casa em uma segunda triste e fria e passei as tesouras do cabelo. Assim, sem pensar, sem dó, sem medo, sozinha.
Chorei de novo. Não de arrependimento, não de dor, nem de dó, mas de LIBERDADE!
Uma sensação linda, estranha e avassaladora tomou conta de mim. Eu era eu de novo.
Sem prancha, sem química, cabelos livres, leves e estranhos.
O melhor momento da minha vida começou ali. Aquela liberdade que eu tive na infância é a mesma que Deus me deu agora.
Está lindo meu cabelo? Sim!
Está com forma? Não
Está do jeito que eu sonhei? Não.
Está maravilhoso? Sim!
Valeu a pena? Demais
E tudo foi assim (bem resumido).
Naquele lindo dia que eu resolvi me aceitar!